O Instituto Adolfo Lutz, em conjunto com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford, completou hoje o sequenciamento do primeiro caso de coronavírus da América Latina, apenas 2 dias após o caso ter sido confirmado. Os pesquisadores fazem parte do projeto CADDE, que tem apoio da FAPESP e do Medical Research Council (MRC) do Reino Unido, e desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real.
Os dados de genomas completos do SARS-CoV-2 dos casos de COVID-19 são essenciais para o desenvolvimento de vacinas e de testes diagnósticos. Esses dados são importantes para a compreensão da dispersão do vírus e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença.
O primeiro caso de COVID-19 no Brasil (BR1) teve diagnóstico molecular confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz no dia 26 de fevereiro de 2020. O caso refere-se a um paciente infectado com o vírus durante uma visita à região de Lombardia, no norte da Itália, entre os dias 9 e 21 deste mês. O genoma completo do vírus foi disponibilizado à comunidade científica no dia 28 de fevereiro de 2020.
Uma análise preliminar da nova sequência, em conjunto com dados disponibilizados por outros pesquisadores, encontra-se disponível no Virological.org, um fórum de discussão para virologistas, epidemiologistas e especialistas em saúde publica: http://virological.org/t/first-report-of-covid-19-in-south-america/409
A figura mostra o número oficial de casos de COVID-19 confirmados na Itália pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e mostra a rapidez da resposta do grupo de pesquisa brasileiro. Grupos internacionais têm demorado em média 15 dias para gerar e submeter as suas sequências relativas a casos de COVID-19, o que destaca a relevância científica da pesquisa brasileira.