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A doença afeta quase todos os órgãos do corpo e os sintomas podem surgir já no primeiro ano de vida

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), liderados pela Profa. Dra. Ester Sabino, alcançaram um marco científico inédito no país: o sequenciamento genético de três mil pacientes com anemia falciforme. Esse estudo representa um avanço significativo no tratamento da condição, que afeta principalmente a população negra.

A anemia falciforme é uma doença hereditária que deforma os glóbulos vermelhos, comprometendo a circulação sanguínea e provocando dores intensas e complicações graves. Apesar de ser uma das condições genéticas mais comuns no Brasil, é ainda cercada por preconceitos e desinformação. "Os médicos ainda têm pouco conhecimento sobre a doença, que é repleta de estigmas por afetar majoritariamente pessoas negras e pode levar à morte", explica a Profa. Dra. Ester Sabino, que se dedica a essa pesquisa há mais de uma década.

O estudo faz parte do Projeto Dandara, desenvolvido em parceria com o programa de Estudo de Epidemiologia de Doadores de Retrovírus (REDS III, da sigla em inglês, Retrovirus Epidemiology Donor Study) e com a Fundação Pró-Sangue, hemocentro de São Paulo. Outros quatro hemocentros do país também participam da pesquisa sobre o genoma completo: Hemope (PE), Hemominas (MG), Hemorio (RJ) e Hemoam (AM).

A iniciativa busca possibilitar transfusões de sangue mais seguras por meio da genotipagem tanto de pacientes quanto de doadores, reduzindo reações adversas e promovendo maior compatibilidade. Um dos desdobramentos desse esforço é a emissão do Cartão Fenotcard, um documento emitido pela Fundação Pró-Sangue que reúne informações genéticas detalhadas dos pacientes para orientar futuras transfusões.

“O Projeto Dandara estabelece a conexão entre o REDS III e as pessoas com anemia falciforme, que recebem o Cartão Fenotcard. Esse documento contém informações sobre a constituição genética dos pacientes”, detalhou o diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue, Prof. Dr. Vanderson Rocha.

Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2014 e 2020, a média anual de novos casos de crianças diagnosticadas com anemia falciforme no teste do pezinho foi de 1.087, o que representa uma incidência de 3,75 casos a cada 10 mil nascidos vivos. Estima-se que existam entre 60 mil e 100 mil pessoas com doença falciforme no Brasil.

Assessoria de Comunicação e Imprensa

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