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A intenção é compreender a relação entre alimentação e doenças crônicas no país

Mais de 100 mil brasileiros já se inscreveram no Estudo NutriNet Brasil, que vai acompanhar indivíduos de todas as regiões do país para identificar diferentes características da alimentação brasileira. A ideia da pesquisa é relacionar hábitos que aumentam ou diminuem o risco de doenças crônicas, desde as muito frequentes, como obesidade, diabetes, hipertensão e câncer, até outras menos comuns, como lúpus e doenças inflamatórias intestinais.

“É a primeira vez que uma coorte totalmente online investiga a relação entre padrões alimentares praticados por brasileiros e o risco de desenvolver doenças”, diz a Profa. Renata Bertazzi Levy, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens/USP) e uma das coordenadoras do projeto.

Por ser extremamente complexa, a relação entre alimentação e doenças crônicas só pode ser analisada através de estudos que acompanhem as características da nutrição e do estado de saúde de um grande número de pessoas durante longos períodos. Para tanto, o NutriNet Brasil pretende observar cerca de 200 mil brasileiros por, no mínimo, 10 anos.

“O objetivo último da pesquisa é fornecer evidências científicas robustas para orientar o aprimoramento de políticas públicas direcionadas a melhorar a alimentação e a promover a saúde da população”, diz a Profa. Levy. 

Desse modo, é essencial que a rede de candidatos contemple a diversidade dos padrões alimentares no país. Levy explica que, embora existam alimentos consumidos por brasileiros de norte a sul, como o arroz e o feijão, é importante considerar “características historicamente determinadas, influenciadas tanto por biomas locais como por processos como a globalização e a penetração cada vez maior dos produtos da indústria de alimentos ultraprocessados”.

Outro ponto, segundo a pesquisadora, é a necessidade de englobar uma população diversa segundo estratos, como sexo, renda e escolaridade, a fim de possibilitar um estudo mais amplo e detalhado das tendências da população. 

“Um dos nossos principais desafios, além de recrutar um grande número de brasileiros, será manter esses participantes aderidos ao estudo ao longo do tempo”, avalia Levy.

A pesquisa

O Estudo NutriNet é executado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), sob a coordenação do Dr. Carlos Augusto Monteiro, que é Professor Titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP e Coordenador Científico do Nupens/USP.

Conta com a participação de pesquisadores de várias unidades da USP (Saúde Pública, Medicina, Instituto do Coração – InCor) e de outras universidades e centros acadêmicos brasileiros (Unifesp, UFMG, UFRGS, UFPel), Fiocruz (Rio de Janeiro e Bahia) e Instituto Nacional do Câncer – Inca. 

Os interessados que quiserem colaborar com a pesquisa devem preencher um pequeno formulário de inscrição no site https://nutrinetbrasil.fsp.usp.br e responder ao primeiro questionário de alimentação.

As respostas serão enviadas para o sistema de computação em nuvem da USP, onde ficarão armazenadas com as respostas fornecidas pelos demais participantes, sem que seja possível identificar cada autor.