Graduação em Fisioterapia

O Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) acompanha e participa da evolução e expansão do campo de atuação do fisioterapeuta. O Projeto Acadêmico do Curso de Fisioterapia da FMUSP, com 5 anos de duração, período integral, tem por premissas formar o profissional fisioterapeuta generalista, humanista, crítico e reflexivo, capacitado para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor científico e intelectual.

Em paralelo aos estágios profissionalizantes, o Curso de Fisioterapia desenvolve juntamente com os graduandos, pesquisas de Iniciação Científica (com possibilidade de bolsa de estudo) nas áreas de pesquisa, ensino e extensão e, coordena Ligas de Atendimento em áreas de atuação específica, com integração entre professores e graduandos, em benefício da população. Nossa estrutura permite ao aluno dar continuidade aos estudos com direcionamento para vida acadêmica por meio de formação no mestrado e doutorado, pois desde 2005 teve início o Programa de Pós-graduação stricto sensu em Ciências da Reabilitação.

Visando a formação profissional especializada (lato sensu), em 2012, foi inicializado o Programa de Residência em Promoção da Saúde e Cuidado na Atenção Hospitalar no Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP. Atualmente, a Fisioterapia participa diretamente de outros 5 programas no Instituto Central do Hospital das Clínicas: Saúde – no Paciente Nefropata, Saúde – no Paciente Crítico, Saúde – Urgência e Trauma; Hospitalar e Redes de Atenção à Saúde e Gestão Integrada de Serviços de Saúde. O Curso de Fisioterapia contribui também, com os demais programas da Comissão de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas.

Ainda na vertente do ensino lato sensu, devido à atuação direta no Hospital das Clínicas da FMUSP, O Curso de Fisioterapia oferece vários programas de capacitação e educação continuada, destacando-se os Programas de Especialização com bolsa de estudo (nas áreas de pacientes críticos e idosos) e os de especialização em áreas diversificadas, como os voltados para Disfunção Musculoesquelética, Neurologia, Esporte, Hospitalar, Gerontologia, Saúde da Mulher e da Saúde Pélvica, num total de 12 oportunidades de capacitação e aperfeiçoamento.

Linhas de pesquisas sólidas buscam novas informações na fundamentação, avaliação e intervenção fisioterapêutica, muitas em parceria com laboratórios nacionais, como os Laboratórios de Escola Politécnica da USP, do Complexo Hospital das Clínicas da FMUSP e da FioCruz, e laboratórios de diversas universidades e hospitais internacionais

Pesquisas recentes contribuem para esclarecer os quadros decorrentes de epidemias como a da Zika vírus, e de pandemias como a Covid-19, nas diferentes faixas etárias e avaliam as propostas de intervenção em sequelas das doenças decorrentes destas crises de saúde pública. Pesquisas focadas na atenção primária à saúde têm colaborado na criação de protocolos nacionais de acompanhamento de pessoas com deficiência e com sequelas relacionadas ao Covid-19.

Na área de Fisioterapia Respiratória, as principais pesquisas estão divididas em três linhas. A primeira visa a compreensão dos benefícios do exercício aeróbio, da atividade física ou dos exercícios respiratórios em pacientes com asma e doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC). A segunda objetiva a compreensão da mecânica toracoabdominal em pacientes com DPOC, fibrose cística e bronquiectasia. A terceira linha avalia novas modalidades fisioterapêuticas para melhorar o desempenho físico de pneumopatas.

Na área de Fisioterapia na Saúde do Idoso, as pesquisas avançam com os estudos sobre tecnologia para promover funcionalidade e independência, incluindo uso de realidade virtual para treinamento cognitivo-sensório-motor e treinamento de orientação espacial.

Na área de Fisioterapia em Terapia Intensiva, as pesquisas focam nas vantagens da mobilização precoce dos pacientes críticos e nos recursos de ventilação invasiva e não invasiva e o processo de assistência fisioterapêutica integral.

Pesquisas estudam os recursos fisioterapêuticos na área terapia manual e saúde integrativa, e desenvolvem ferramentas de avaliação funcional para diferentes condições. Também na área de Recursos Fisioterapêuticos, são desenvolvidas pesquisas relacionadas a agentes eletrofísicos (ultrassom, laserterapia de baixa intensidade, ondas curtas e TENS) e ergonomia.

As investigações na área de Neuropediatria e Neonatologia Neurofuncional têm avançado na avaliação e intervenção com crianças desde o berçário até a adolescência, incluindo intervenções com neuromodulação e predição de riscos para alterações do desenvolvimento, entre outras.

Na área de Fisioterapia em Neurologia, diferentes laboratórios do Curso pesquisam a neuromodulação não invasiva sobre aspectos cognitivos e sensoriomotores em pessoas saudáveis e em pacientes com desordens neuropsiquiátricas, síndromes dolorosas ou enurese noturna, por exemplo. O Laboratório de Aprendizagem Motora e Reabilitação busca a translação do conhecimento de Neurociências para a prática clínica em Reabilitação de pessoas com lesões nervosas. Dentre suas linhas de pesquisa estão aprendizagem, reabilitação, educação e empoderamento para pessoas com disfunções nervosas como doença de Parkinson e Acidente Vascular Encefálico.

Na área de Biomecânica, as investigações incluem, por exemplo, sistemas inteligentes para tomada de decisão em saúde, a reabilitação de pessoas com diabetes e osteoartrite e pesquisas com corredores e bailarinos.

Na área de Fisioterapia em Saúde da Mulher, as pesquisas abordam os ciclos de vida da mulher, câncer de mama, sexualidade, função e disfunções do assoalho pélvico como incontinência urinária, técnicas de tratamento fisioterapêutico, gestação e parto.

Pesquisas sobre Avaliação Musculoesquelética acontecem com o desenvolvimento de novos métodos de avaliação do movimento, da postura e suas alterações biomecânicas, consequente às doenças ou inadequações às atividades ocupacionais. A promoção da saúde funcional e da boa postura é foco de pesquisa de diferentes laboratórios do Curso, e nas pesquisas voltadas para a Reumatologia temos por exemplo, estudo de prevalência de dor lombar em idosos de diferentes populações brasileiras e o desenvolvimento de um aplicativo móvel para promoção de autocuidado de pacientes com fibromialgia, o ProFibro.

Pesquisas em Fisioterapia em Disfunções Cardiopulmonares incluem temas como Educação em Saúde, à exemplo do Programa de Suporte Básico de Vida nas Escolas, Emergências Médicas, Epidemiologia Clínica, Monitoramento de Doenças Cardiovasculares e das Doenças Crônicas não Transmissíveis.

Na área de hospitalar, pesquisas têm desenvolvido proposta de tecnologia para gestão de Fisioterapia Hospitalar, protocolos de avaliação e intervenção em pacientes hospitalizados, como por exemplo, o Protocolo Profilático de Tromboembolismo Venoso.

Em 2017, as iniciativas de pesquisa do Curso de Fisioterapia foram contempladas com a criação de um dos 66 Laboratórios de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP , o LIM-54 – Laboratório de Investigação em Fisioterapia, que consolida em uma denominação os esforços e produção de pesquisa deste Curso, já reconhecidos nacional e internacionalmente por meio de prêmios e honrarias.

 

História

A prática de Fisioterapia no Brasil iniciou-se em 1919, quando foi fundado o Departamento de Eletricidade Médica da FMUSP. Em 1951, foi instalado o Serviço de Fisioterapia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e o primeiro Curso de Fisioterapia do Brasil. Em 1958, este serviço se consolidou como o Instituto Nacional de Reabilitação em convênio com a Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e da World Confederation for Physical Therapy (WCPT), que abrigou o primeiro curso de Fisioterapia com padrão internacional mínimo e duração de dois anos. Em 1963, o curso passou para três anos, em 1979, para quatro anos e, em 2010, para cinco anos. Associando-se aos profissionais da Terapia Ocupacional, foram criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em dezembro de 1975. Os profissionais do Curso de Fisioterapia da FMUSP tiveram papel relevante na implantação e na consolidação da profissão no país.